quarta-feira, abril 19, 2006

Por que Lula resiste e continua forte?

A oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva sofreu um golpe forte com a divulgação das pesquisas de intenção de voto realizadas na semana passada. Mesmo após a queda do ex-todo poderoso ministro Antonio Palocci, a ampla repercussão da violação do sigilo do caseiro Francenildo Costa, enfim, o recrudescimento da crise política a níveis parecidos com os do início do escândalo do mensalão, a popularidade de Lula, ao invés de cair, subiu. Além disso, o presidente manteve uma diferença de 20 pontos percentuais sobre o segundo colocado, Geraldo Alckmin (PSDB), agora apenas 5 pontos à frente de Garotinho, do PMDB, com 15%.Desculpas esfarrapadasA oposição buscou todo o tipo de desculpa para a boa situação de Lula – os escândalos ainda não “chegaram” no eleitor mais pobre; a estagnação de Alckmin decorre de sua “pouca visibilidade” nacional; ou ainda que as pesquisas não valem porque os eleitores só começam a prestar atenção na política após a Copa do Mundo. É evidente que todas essas teses não passam de desculpas de mau perdedor. Alckmin tem grande visibilidade na imprensa desde que desafiou José Serra e conquistou a indicação de candidato do PSDB à presidência, ou seja, desde o final do ano passado. Não há como as notícias não “chegarem” aos eleitores mais pobres, justamente os que se informam predominantemente pela televisão. E se a campanha só começasse mesmo depois da Copa do Mundo, os oposicionistas não ficariam tão alvoroçados com as pesquisas e tampouco os institutos de pesquisas gastariam rios de dinheiro fazendo as pesquisas mensais.Virada cada vez mais difícilA verdade é que a oposição sentiu o golpe das pesquisas porque esperava queda na popularidade do presidente. Não qualquer queda, mas uma queda substancial, que aproximasse ou até colocasse Alckmin à frente de Lula. O que ocorreu, porém, foi o aumento da aprovação ao presidente, que já está no nível de setembro de 2005, e a manutenção da taxa de intenção de votos em Lula. E por que, afinal, o presidente resiste a tamanha pancadaria? Porque a economia vai bem e porque a população já há muito se decepcionou com a classe política. De um lado, a questão econômica é sempre preponderante. A ditadura resistiu com o Milagre Econômico e começou a cair no movimento contra a carestia. José Sarney não fez o sucessor por causa da economia. Corrupto, Collor não cairia se o Brasil não estivesse no segundo ano de uma das piores recessões da história. Fernando Henrique se elegeu e reelegeu com o sucesso do Real, mas não fez o sucessor por causa da estagnação que sua política econômica causou. Ironicamente, Lula está fazendo uso, com mais sucesso, da mesma política econômica de Cardoso, o que pode acabar lhe dando um novo mandato.Depois das lambanças do Partido dos Trabalhadores, corrupção parece não ser mais o fator definidor do voto: se em todos os partidos há problemas, a questão agora é escolher quem melhor atende aos interesses da maioria da população. E até aqui, o povão está achando que Lula não está fazendo um mau trabalho. Em outubro, essa tese pode ou não ser confirmada nas urnas.

Luiz Antônio Magalhães é editor de Política do DCI e editor-assistente do Observatório da Imprensa (www.observatoriodaimprensa.com.br).

Comments:
Orçamento para 2006 aprovado e mais um fratricida livre. O ex-seminarista e assassino do pai e da madrasta, Gil Rugai vai aguardar o julgamento em liberdade graças ao STF. Preferi falar hoje sobre os índios. Chega de impunidade e ladroagem!

Um abraço

Marco Aurélio
 
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