sexta-feira, março 17, 2006
A negrinha e o negrinho
Estamos disponibilizando o artigo "A negrinha e o negrinho" publicado no ponto de vista do Jornal Correio do companheiro e Jornalista e José Amaral Neto, para os amigos leitores.
Sempre quando se buscam estatísticas sobre as etnias que compõem o Brasil, saltam as informações de que os negros são 50% de sua população. Nos últimos cinco anos, quando da realização de seis eventos em que um grupo de malas-sem-alça fica confinado em uma casa, um negro não vence o referido show.
Antes de atirarem pedras, acompanhe o raciocínio. As pseudolideranças negras, alimentadas pelo seu ego estratosférico, por políticos oportunistas que levam o pão (a cerveja) e o circo (o pagode descaracterizado) à comunidade, alardeiam que a maioria negra não é ouvida.
Por seis edições e um número considerável de paredões, a comunidade negra deixou de dar voz à sua, agora duvidosa, opulência numérica e assim fazer valer a amarfanhada bandeira da discriminação racial pura e simplesmente, pois poderiam posicionar-se na defesa da permanência dos ungidos de pele escura moradores dessa casa. Isso é ação afirmativa.
Lembram-se do Dhomini? Ele fez ação afirmativa em prol do que acreditava. E ganhou.
São milhares de chances de produzir ações afirmativas para 90 milhões de pessoas em 95% do território nacional (essa é a cobertura televisiva alcançada hoje) e o que se vê são negros tentando se fazer de brancos, e brancos buscando uma maneira de esconder a sua repulsa ante a convivência com o diferente.
A necessidade de se repensar o que se quer da sociedade, em favor de soluções para diminuir a diferença social que separa grande parte do povo negro de sua inserção socioeconômica neste mundo globalizado, é urgente e não pode ser adiada.
A população negra precisa entender que só irá conquistar seu espaço em definitivo se começar a ocupar as frestas da mídia. Dois negros, Thais e Iran, foram descaradamente separados no berço televisivo, e sempre aliciados para manterem-se alienados por frases feitas na condução de suas ações dentro da baiúca de Jacarepaguá, na Cidade Maravilhosa.
Ambos foram instados a não se relacionar para fortalecer a tal da miscigenação, tão importante para manter a velada suspeição de que o negro é arrogante e orgulhoso, cioso de sua cor tão intensa.
Quando em paredão, nenhum dos dois conseguiu emitir, de verdade, um sinal de que estavam convocando a comunidade de que fazem parte em ato de solidariedade, pois poderiam, e com certeza acreditam nisso, estar sendo identificados como pessoas de personalidade objetiva, determinada e de opinião própria.
No mundo de hoje, ser inteligente é ser um ator solitário sem platéia, ou resumindo, um fracassado. Isso precisa ser mudado. Para o bem de toda a humanidade.
José Amaral Neto - Jornalistawww.jancom.cjb.net
Site de origem: http://www.jornalcorreio.com.br/v2/coluna_ver.aspx?id=23&data=