quinta-feira, março 09, 2006
DENGUE AVANÇA EM UBERLÂNDIA: Dados Oficiais estão proximo a 500 em dois meses
CIDADE quinta-feira, 9 de março de 2006
REPORTER: GLEIDE CORRÊA e MANOEL SERAFIM
SAÚDE
Apesar das ações de combate à dengue e do aumento de 16% dos recursos destinados ao Município no segundo semestre do ano passado, a doença avança na cidade. Dados preliminares da Secretaria Municipal de Saúde, que deverão ser divulgados hoje, apontam para aproximadamente 500 casos confirmados de dengue nos primeiros dois meses deste ano. O último balanço do Ministério da Saúde, de 1O janeiro a 24 de fevereiro, aponta para 390 casos, índices que colocam a cidade em segundo lugar no Estado, atrás apenas de Uberaba, com 474 casos.
O índice de infestação do mosquito chega a 6,9%, enquanto o aceitável pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é de 1%. O secretário municipal de Saúde, André Luiz Oliveira, embora não saiba mensurar se a cidade vive uma epidemia de dengue, admite que a situação é bastante crítica e alerta para a gravidade da doença, que pode até matar. Os números colocam a população em estado de alerta, pois 96% dos focos dos mosquitos estão dentro das residências.
Os reflexos do aumento dos casos de dengue são sentidos diretamente no Laboratório de Imunologia da Universidade Federal de Uberlândia. Responsável por atender a 18 municípios da jurisdição da Gerência Regional de Saúde (GRS), o aumento da procura pelos exames foi de 100%. De acordo com o responsável técnico pelo laboratório, José Roberto Mineo, chegam em média 250 amostras de sangue por semana para serem avaliadas. Destas, há a confirmação da doença entre 75% e 85%. Mesmo sem precisar os dados, Roberto Mineo afirma que eles são bem superiores aos registrados no ano passado.
Preocupada com o aumento da dengue, a Prefeitura criou uma força-tarefa e praticamente triplicou o número de agentes envolvidos no combate ao mosquito. Até a segunda metade do mês de janeiro eram 173 profissionais e desde então 490 pessoas trabalham nas frentes de combate. Em um mês foram visitadas mais de 105 mil residências e eliminados mais de 13 mil focos do mosquito transmissor.
O município contesta a eficácia do veneno utilizado no fumacê — responsável pela eliminação do mosquito na fase adulta - e determinou a substituição do produto a partir de hoje. Embora não haja um laudo que comprove a eficiência, a determinação em mudar o produto leva em conta os baixos resultados apresentados. De acordo com o secretário municipal de Saúde, André Luiz de Oliveira, ao perceber que nos últimos meses o inseticida não estava surtindo efeito, a secretaria em consonância com o Estado optou pela substituição do produto.
O secretário de Saúde alerta, no entanto, que o fumacê não é responsável pela erradicação total da dengue. A atuação do fumacê representa cerca de 20% no processo de eliminação do mosquito. Para acabar com a doença, segundo o secretário, é necessária a mobilização da população durante todo o ano.
O diretor da Gerência Regional de Saúde (GRS), Daltro Catani Filho, explica que o inseticida utilizado é uma determinação do Ministério da Saúde e que ainda não há resultados dos testes para comprovar a sua eficácia. Ele também destaca a importância de a população ajudar na erradicação do mosquito transmissor.
Ação
O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, atribui o aumento na transmissão da doença à falta de ação das prefeituras e à desestruturação dos programas preventivos permanentes mantidos pelo ministério. "Onde a prevenção foi feita adequadamente não há problemas. O ministério oferece assessoria técnica, coordena, supervisiona, mas as prefeituras têm que manter os programas funcionando todos os dias do ano", afirmou o secretário.
O secretário de Saúde de Uberlândia rebate a observação e afirma que o Município fez a sua parte, cumprindo o Programa Nacional de Controle da Dengue no ano passado, mas admite que realizou apenas quatro visitas aos domicílios quando o exigido são seis. André Luiz lembra que vários fatores, como as variações climáticas e diluição do veneno em água, influenciam nos resultados do trabalho. O secretário lembrou outras ações positivas como o Mutirão Cidade Limpa, que teve início no ano passado e que retirou mais de 20 mil caminhões de entulho das residências. André Luiz acredita que ainda há uma crença em achar que a dengue é um problema simples que se resolve em 3 ou 5 dias de febre e dor de cabeça. Na verdade, reforça o secretário, não é bem assim. Há casos graves de dengue como a febre hemorrágica ou choque hemorrágico que podem até evoluir e levar à morte. "A grande maioria de casos é da dengue clássica, que resolve rápido, mas é preciso ficar em alerta", observa André Luiz.
Força-tarefa visitou mais de 105 mil casas em um mês
A força-tarefa criada pela Prefeitura de Uberlândia para combater a dengue percorreu, em um mês, 55 bairros e visitou 105.606 domicílios. Há uma reincidência muito grande, em que os agentes visitam as residências, fazem as notificações e em uma segunda visita encontram a mesma situação. Isso mostra que muitas pessoas ainda não se conscientizaram da necessidade de eliminar os focos do mosquito transmissor da dengue.
Os agentes públicos de saúde alertam para a necessidade de a população prestar atenção aos ambientes propícios à proliferação do mosquito. De acordo com coordenador do Programa de Combate à Dengue do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), José Humberto Arruda, embora as pessoas estejam bem informadas sobre os cuidados necessários para se prevenir em relação à doença, a maioria não os adota. O resultado é o aumento dos casos de dengue.
O papel da população, conforme ressalta José Arruda, é fundamental e exige cuidados simples. É preciso evitar o acúmulo de água parada — ideal para a reprodução do mosquito. Garrafas, latas e tambores devem ser guardados com a boca virada para baixo para não reter água.
No caso de mal-estar, é importante procurar orientação médica, pois os sintomas podem ser confundidos com outras doenças. O doente pode apresentar febre, dor de cabeça, dores pelo corpo e náuseas. Manchas vermelhas na pele, sangramentos no nariz e garganta, dor abdominal intensa e contínua podem indicar caso de dengue hemorrágica.
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Pagina de Origem: http://www.jornalcorreio.com.br/v2/canal.aspx?id=1&data=08/03/2006
REPORTER: GLEIDE CORRÊA e MANOEL SERAFIM
SAÚDE
Apesar das ações de combate à dengue e do aumento de 16% dos recursos destinados ao Município no segundo semestre do ano passado, a doença avança na cidade. Dados preliminares da Secretaria Municipal de Saúde, que deverão ser divulgados hoje, apontam para aproximadamente 500 casos confirmados de dengue nos primeiros dois meses deste ano. O último balanço do Ministério da Saúde, de 1O janeiro a 24 de fevereiro, aponta para 390 casos, índices que colocam a cidade em segundo lugar no Estado, atrás apenas de Uberaba, com 474 casos.
O índice de infestação do mosquito chega a 6,9%, enquanto o aceitável pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é de 1%. O secretário municipal de Saúde, André Luiz Oliveira, embora não saiba mensurar se a cidade vive uma epidemia de dengue, admite que a situação é bastante crítica e alerta para a gravidade da doença, que pode até matar. Os números colocam a população em estado de alerta, pois 96% dos focos dos mosquitos estão dentro das residências.
Os reflexos do aumento dos casos de dengue são sentidos diretamente no Laboratório de Imunologia da Universidade Federal de Uberlândia. Responsável por atender a 18 municípios da jurisdição da Gerência Regional de Saúde (GRS), o aumento da procura pelos exames foi de 100%. De acordo com o responsável técnico pelo laboratório, José Roberto Mineo, chegam em média 250 amostras de sangue por semana para serem avaliadas. Destas, há a confirmação da doença entre 75% e 85%. Mesmo sem precisar os dados, Roberto Mineo afirma que eles são bem superiores aos registrados no ano passado.
Preocupada com o aumento da dengue, a Prefeitura criou uma força-tarefa e praticamente triplicou o número de agentes envolvidos no combate ao mosquito. Até a segunda metade do mês de janeiro eram 173 profissionais e desde então 490 pessoas trabalham nas frentes de combate. Em um mês foram visitadas mais de 105 mil residências e eliminados mais de 13 mil focos do mosquito transmissor.
O município contesta a eficácia do veneno utilizado no fumacê — responsável pela eliminação do mosquito na fase adulta - e determinou a substituição do produto a partir de hoje. Embora não haja um laudo que comprove a eficiência, a determinação em mudar o produto leva em conta os baixos resultados apresentados. De acordo com o secretário municipal de Saúde, André Luiz de Oliveira, ao perceber que nos últimos meses o inseticida não estava surtindo efeito, a secretaria em consonância com o Estado optou pela substituição do produto.
O secretário de Saúde alerta, no entanto, que o fumacê não é responsável pela erradicação total da dengue. A atuação do fumacê representa cerca de 20% no processo de eliminação do mosquito. Para acabar com a doença, segundo o secretário, é necessária a mobilização da população durante todo o ano.
O diretor da Gerência Regional de Saúde (GRS), Daltro Catani Filho, explica que o inseticida utilizado é uma determinação do Ministério da Saúde e que ainda não há resultados dos testes para comprovar a sua eficácia. Ele também destaca a importância de a população ajudar na erradicação do mosquito transmissor.
Ação
O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, atribui o aumento na transmissão da doença à falta de ação das prefeituras e à desestruturação dos programas preventivos permanentes mantidos pelo ministério. "Onde a prevenção foi feita adequadamente não há problemas. O ministério oferece assessoria técnica, coordena, supervisiona, mas as prefeituras têm que manter os programas funcionando todos os dias do ano", afirmou o secretário.
O secretário de Saúde de Uberlândia rebate a observação e afirma que o Município fez a sua parte, cumprindo o Programa Nacional de Controle da Dengue no ano passado, mas admite que realizou apenas quatro visitas aos domicílios quando o exigido são seis. André Luiz lembra que vários fatores, como as variações climáticas e diluição do veneno em água, influenciam nos resultados do trabalho. O secretário lembrou outras ações positivas como o Mutirão Cidade Limpa, que teve início no ano passado e que retirou mais de 20 mil caminhões de entulho das residências. André Luiz acredita que ainda há uma crença em achar que a dengue é um problema simples que se resolve em 3 ou 5 dias de febre e dor de cabeça. Na verdade, reforça o secretário, não é bem assim. Há casos graves de dengue como a febre hemorrágica ou choque hemorrágico que podem até evoluir e levar à morte. "A grande maioria de casos é da dengue clássica, que resolve rápido, mas é preciso ficar em alerta", observa André Luiz.
Força-tarefa visitou mais de 105 mil casas em um mês
A força-tarefa criada pela Prefeitura de Uberlândia para combater a dengue percorreu, em um mês, 55 bairros e visitou 105.606 domicílios. Há uma reincidência muito grande, em que os agentes visitam as residências, fazem as notificações e em uma segunda visita encontram a mesma situação. Isso mostra que muitas pessoas ainda não se conscientizaram da necessidade de eliminar os focos do mosquito transmissor da dengue.
Os agentes públicos de saúde alertam para a necessidade de a população prestar atenção aos ambientes propícios à proliferação do mosquito. De acordo com coordenador do Programa de Combate à Dengue do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), José Humberto Arruda, embora as pessoas estejam bem informadas sobre os cuidados necessários para se prevenir em relação à doença, a maioria não os adota. O resultado é o aumento dos casos de dengue.
O papel da população, conforme ressalta José Arruda, é fundamental e exige cuidados simples. É preciso evitar o acúmulo de água parada — ideal para a reprodução do mosquito. Garrafas, latas e tambores devem ser guardados com a boca virada para baixo para não reter água.
No caso de mal-estar, é importante procurar orientação médica, pois os sintomas podem ser confundidos com outras doenças. O doente pode apresentar febre, dor de cabeça, dores pelo corpo e náuseas. Manchas vermelhas na pele, sangramentos no nariz e garganta, dor abdominal intensa e contínua podem indicar caso de dengue hemorrágica.
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Pagina de Origem: http://www.jornalcorreio.com.br/v2/canal.aspx?id=1&data=08/03/2006
Titulo original: Números indicam avanço da dengue: Dados preliminares apontam para 500 casos confirmados em dois meses.