terça-feira, janeiro 24, 2006

Prefeito Odelmo Leão quer acompanhar gastos do SUS no HC: O controle seria mais rígido para atendimentos de alta complexidade



SELMA SILVA Repórter
MANOEL SERAFIM e DORIVAL DIAS Fotografo

O prefeito Odelmo Leão (PP) voltou a afirmar ontem, durante uma entrevista coletiva sobre a recuperação de rodovias federais da região, que vai exigir um controle mais rígido dos atendimentos de média e alta complexidade feitos pelo Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Na avaliação do prefeito, uma prestação de contas detalhada pode evitar que o repasse do Sistema Único de Saúde (SUS) destinado a Uberlândia cerca de R$ 5 milhões por mês possa ser "escoado" para o atendimento a moradores de outras localidades.
A preocupação do prefeito é embasada na situação de estrangulamento pela qual passa a área da saúde, na cidade, que gera números exorbitantes de atendimentos. No entanto, a afirmação é polêmica, já que os gestores da saúde de municípios vizinhos alegam pagar pelos atendimentos destinados a pacientes de seus munícipes, no HC, por meio de um pacto amparado por lei e estabelecido previamente. Além disso, há reclamações quanto aos meios de acesso aos serviços do hospital.
Com um repasse anual de R$ 1,4 milhão do SUS aos cofres do HC, o Município de Ituiutaba é um dos que fazem parte do plano de pactuação e, por isso, tem direito a encaminhar pacientes para serem atendidos na instituição. Mas a secretária de Saúde, Karla Afonso Alves, diz ter dificuldades para encontrar as "portas abertas" na instituição.
Segundo ela, o horário para o agendamento das consultas é restrito a uma hora por semana, somente na segunda-feira, e muitas vezes, não há êxito na tentativa. É o que teria ocorrido ontem. Conforme informou, nenhum atendimento foi marcado porque ninguém atendeu às chamadas telefônicas. Com isso, a próxima chance é só na próxima semana. "Temos muita dificuldade para usar o que é nosso por direito", enfatizou.
Outra queixa da secretária refere-se à falta de vagas nos leitos de UTI, o que atinge também a população de Uberlândia. De acordo com Karla Alves, muitas vezes um paciente que precisa passar por uma cirurgia de alta complexidade consegue a vaga no HC, mas o procedimento precisa ser adiado por não ter disponível a vaga em UTI. Com isto, muitos pacientes estariam sendo encaminhados para outras cidades, que não são referência para aquele município, como Brasília, Barretos, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto.
Araguari
Durante a entrevista em que participou Odelmo Leão, o prefeito de Araguari, Marcos Alvim (PSC), também destacou que o município arca com os serviços prestados a seus moradores pelo HC da UFU. Ele reconhece como legítima a preocupação do prefeito de Uberlândia, em saber quem são e quantos são os usuários do hospital, o que dificultaria a entrada na instituição por meios indevidos, mas fez ressalvas.
ARAGUARI: Marcos Alvim diz que pacto garante atendimentoMarcos Alvim salientou que o pacto com os municípios precisa ser considerado e que a UFU não é de Uberlândia e, sim, da federação, o que garante o atendimento à população destas cidades. Ele informou que o repasse feito pelo SUS em função do Município de Araguari é de R$ 1 milhão por ano, recurso que não estaria sendo utilizado, na totalidade. "O município está, sobretudo, contribuindo para o atendimento aos moradores de Uberlândia com o restante da sua cota", frisou.
Intenção é controlar serviços a pacientes de outros municípios
A criação de um mecanismo que possa controlar, de maneira eficiente, o atendimento no Hospital de Clínicas da UFU com exceção dos casos de urgência e emergência, que são atendidos sem nenhuma restrição é defendida também pelo diretor clínico do hospital, Orlando César Mantese. Ele explicou que parte dos recursos repassados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) à Secretaria de Saúde de Uberlândia contempla pactos com outros municípios para atendimentos de alta complexidade. "Acho que, na afirmação do prefeito (de controlar o atendimento), ele não nega esta possibilidade", previu.
No entanto, o diretor lembrou que muitos serviços são prestados a pacientes de fora que não fazem parte de nenhum acordo prévio. Esta parte da conta é paga com a verba destinada ao Município de Uberlândia, já que estas pessoas utilizam endereços de amigos ou familiares residentes da cidade.
É por este motivo que há necessidade, segundo Orlando Mantese, de se criar um mecanismo de controle visando forçar que alguns municípios também estabeleçam um pacto com o HC ou que os pacientes apresentem o encaminhamento médico emitido na cidade de origem. Desta forma, o hospital também pode receber pelo serviço prestado, que é pago pelo município onde o paciente reside.
Conforme o CORREIO apurou, a Prefeitura está elaborando um documento em que prevê mudanças no controle ao atendimento prestado pelo HC, com foco nos pacientes de outros municípios.
PUBLICADO NO JORNAL CORREIO NO DIA 10/01/2006
NO SEGUINTE ENDEREÇO:
http://www.jornalcorreio.com.br/v2/canal.aspx?id=4&data=10/01/2006

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