domingo, janeiro 29, 2006

Entrevista do Secretário Dílson Dalpiaz ao Jornal Correio


SELMA SILVA
DORIVAL DIAS
Um dos desafios assumidos pelo prefeito Odelmo Leão (PP) em seu plano de governo foi o de promover a qualidade de vida da população de Uberlândia, o que passa pelo crescimento econômico e por um aumento da renda per capita. Um dos caminhos para se chegar a este objetivo é a atração de novos empreendimentos; incentivos para as empresas que já estão instaladas, o que garante a geração de novos empregos e a manutenção daqueles já contabilizados; ações permanentes nos serviços básicos, como segurança, saúde e educação, e na estrutura de trânsito e transportes — o que também é fator positivo para atração de investidores. Neste sentido, o secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Dilson Dalpiaz, falou ao CORREIO e destacou as medidas que estão sendo implementadas pela administração. Com pouco mais de um ano de atuação, o secretário reconhece que, no setor público, a burocracia traz certas dificuldades para a implantação de diversas ações. No entanto, ele afirmou que os processos burocráticos não devem se transformar em obstáculo para o desenvolvimento da cidade e garantiu que os trabalhos na pasta estão caminhando paralelamente aos procedimentos formais. Dilson Dalpiaz falou sobre investimentos da iniciativa privada que vão gerar, para este ano, cerca de mil empregos e fez um balanço das atividades de sua secretaria.
CORREIO - Qual é a principal missão da Secretaria de Desenvolvimento Econômico para os próximos anos da gestão?
Dilson Dalpiaz - Nossa maior missão é gerar renda por meio de atividades empreendedoras. Uberlândia é um dos municípios com a menor renda per capita do Estado de Minas Gerais. A pujança do Município não reflete na qualidade de vida e na renda do cidadão. O desafio que aceitamos é fazer com que a cidade cresça economicamente, porque só podemos distribuir riquezas gerando riqueza e aí entra uma das metas do governo, que é a atenção às empresas já instaladas e às novas, sem privilégio para estas. Como têm aquelas (empresas) que vêm, pode ter aquelas que vão. Fazendo uma comparação com a área privada, é mais vantajoso manter um cliente do que buscar um novo, custa menos, e o empresário uberlandense é o cliente do serviço público, do governo. É preciso dar condições para que avance e que aqueles que estão aqui instalados tenham motivação pata reinvestir e crescer.
Um dos entraves da economia é o índice de mortalidade das micro e pequenas empresas, que são responsáveis pela maioria dos empregos, nos primeiros anos de atividades. Quais são as medidas para este setor?
Estamos desenvolvendo ações contínuas para facilitar o microcrédito. Fizemos um convênio com o Banco do Brasil, que disponibilizou 200 milhões (R$) em linhas de crédito. O papel da Prefeitura foi o de divulgar e facilitar o acesso a estes recursos. Neste momento, estamos tratando com a Caixa Econômica Federal e, nos próximos dias, o prefeito deve anunciar um novo convênio. Outra razão da mortalidade das empresas e da informalidade é a burocracia no processo de abertura. No Brasil, leva-se 152 dias para abrir uma empresa e para fechar pode-se levar até 10 anos. Em Minas, o programa "Minas Fácil" que está sendo implementado em Belo Horizonte, por meio de um projeto piloto, prevê que uma empresa seja aberta dentro de oito dias. Em fevereiro, iremos à capital tratar da implementação do programa em Uberlândia, que deve ser ainda este ano.
Como o senhor avalia 2005, tratando-se de investimentos em Uberlândia.
Foi um ano de investimentos significativos, como o da Itambé. São R$ 180 milhões, 200 empregos diretos, 5 mil indiretos e a indústria deve ser inaugurada no mês que vem. É uma realidade que começou durante a nossa gestão, que alavancou o agronegócio. São 1 milhão de litros de leite processados por dia e isso revitalizou a indústria leiteira de Uberlândia e gerou repercussão em toda a cadeia produtiva. Além da fábrica de leite em pó, será instalada também uma fábrica de latas na cidade. Da mesma forma, a Sadia com seus investimentos da ordem de R$ 400 milhões, 3,4 mil empregos diretos, 1,5 mil indiretos, 1,5 mil integrados, ao todo; mais de 800 foram agregados com os novos investimentos. A Monsanto anunciou sua central de distribuição; a Erlan aumentou sua linha de produção para exportação. Tivemos a instalação de uma central de classificação de algodão, que é muito importante, e Uberlândia recebeu um novo hospital, com quase R$ 50 milhões de investimentos. Houve também o anúncio do Wall-Mart (unidade de uma rede mundial de hipermercados), de cerca de cerca de R$ 40 milhões, 300 empregos e uma movimentação de mais de 60 mil produtos, privilegiando a produção local. O empreendimento deve começar a ser construído a partir deste mês.
Quais as novidades que teremos para este ano e que vão representar mais emprego e renda para o Município?
Teremos a complementação dos investimentos anunciados no ano passado. Mas, já em janeiro, desenvolvemos tratativas (conversas) preliminares com representantes de seis novos empreendimentos do setor de indústria e serviços. Eles devem gerar cerca de mil empregos e investimentos de R$ 20 milhões. Inclusive uma destas empresas é multinacional e inédita no Brasil. Estamos discutindo para que ela venha para Uberlândia. Ainda não posso citar nomes porque o anúncio é feito pela própria empresa, quando ela decide.
Um dos setores mais prósperos da cidade e da região, conforme o poder público faz questão de defender, é o de turismo? O que o Município tem feito para desenvolver esta área?
Uma das competências de Uberlândia é o turismo de negócios. Tomamos por desafio, junto com a iniciativa privada, de que Uberlândia se torne de fato em centro de excelência de turismo de negócios. Já é uma cidade brasileira que realiza eventos inclusive de cunho internacional fora do eixo Rio-São Paulo e, complementando estes eventos, precisamos ter o turismo de lazer, de entretenimento. O primeiro passo já foi dado. Até no ano passado, Uberlândia não fazia parte de nenhum circuito turístico; junto com outros 13 municípios, formamos o Circuito do Triângulo Mineiro. Temos uma proposta de turismo que abrange os parques urbanos, como o Siquierolli; belíssimos clubes, a Igreja Espírito Santo do Cerrado, da Lina Bo Bardi, arquiteta de renome internacional. Já existe um projeto de restauração desta igreja na Secretaria de Cultura para que tenhamos mais um ponto de atração. O Teatro Municipal já teve sua construção garantida e, no desenvolvimento do circuito turístico estamos buscando a complementariedade das ofertas. Por exemplo, existia um sonho antigo de restaurar o trem Araguari/Uberlândia; já foram aprovados os convênios que prevêem os recursos e neste semestre vamos voltar a operar o trem turístico. Neste ponto, teremos uma oferta interessante a mais.
E na região, o que pode atrair turistas?
Temos o parque paleontológico de Peirópolis, em Uberaba, que é de fato uma atração do turismo cientifico; Estrela do Sul é o berço dos garimpos; Araguari tem cachoeiras maravilhosas; em Tupaciguara estamos instituindo a pesca esportiva. Olha o tanto de lago que nós temos, podemos ter uma centena de atividades aquáticas. A represa de Capim Branco está aí e estamos discutindo a lei que vai orientar a ocupação em volta da barragem. Estamos fazendo um inventário dos potenciais turísticos das cidades do circuito e estamos conscientes de que o turismo é uma atividade que gera desdobramentos econômicos fortes.
Estas ações significam que o turismo de negócios já está desenvolvido e que, agora, as atenções estão voltadas para o turismo de entretenimento?
Exatamente. Nossa preocupação é com o turismo que venha complementar o de negócios, o de lazer e cultural. Hoje, deixou de existir o conceito de quem faz turismo é porque está à toa. Ao contarmos, por exemplo, com um centro médico de referência, estamos trazendo pessoas de fora para receber atendimento em Uberlândia e elas geram aqui várias atividades. Todas estas questões estão na nossa pauta para que a gente possa trabalhar de forma estruturada.
O senhor tem alguma preocupação em relação ao plano de governo; chega a consultá-lo para verificar se todas as ações estão dentro do que foi prometido à população?
Trabalhamos o plano de governo numa relação cliente/fornecedor. O prefeito (Odelmo Leão/PP) foi eleito mostrando um projeto ao eleitorado. Somos a sua equipe para que possamos entregar à população o produto que foi ofertado. Todos os nossos esforços são voltados para que se cumpra o plano de governo. Algumas coisas acontecem mais rapidamente, outras têm uma complexidade maior, outras novas se apresentam. Mas é importante que, no contexto geral, o conceito do programa que foi encaminhado ao eleitor possa ser entregue. Levamos a sério a questão de que somos servidores públicos e que temos 600 mil clientes, que são aqueles que pagam os impostos.
Em relação à economia, na sua avaliação, o que se pode esperar para este ano de Copa do Mundo, de eleições e com uma crise política que se arrasta desde o ano passado?
O primeiro desafio do brasileiro é não ficar paralisado pelo efeito "eleição", senão, você começa com Dia de Reis, Carnaval, Páscoa, Copa do Mundo, eleição. Tem que esquecer disso. Sem dúvida, o governo, no último ano de mandato deverá investir mais, com isso, serão injetados mais recursos na economia e isso automaticamente gera impacto. Temos uma conjuntura internacional positiva, mas a grande âncora da economia nacional, que foi agronegócio, requer cuidado. Toda as questões internacionais, como impacto da febre aftosa e a gripe aviária, que está rondando o mundo; a soja, cuja colheita deve ser menor do que no ano passado. Não podemos ficar ancorados só na agricultura. Uberlândia é um pólo do agronegócio, então qualquer desvio que acontecer neste setor traz reflexo para a nossa economia. Por outro lado, temos um setor de serviços bastante significativo também, um setor industrial, o comércio.
Jornal Correio
Entrevista de Domingo, 29 de janeiro de 2006
Caderno de Politica
Titulo original da reportagem:
Uberlândia precisa aumentar a renda Secretário Dílson Dalpiaz acredita que 2006 será de altos investimentos
Site de origem:
http://www.jornalcorreio.com.br/v2/canal.aspx?id=4&data=

Comments: Postar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?